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Uma jornada através da história da gestão de riscos: da pré-história à era digital

Uma jornada através da história da gestão de riscos: da pré-história à era digital

 

Conheça a seguir o resultado de uma pesquisa realizada por um especialista em gestão de riscos cuja primeira formação foi história. Esse texto é resultado de dois meses de pesquisas investigando como o risco evoluiu ao logo da história humana.

Resumo: Este estudo tem como objetivo apresentar um resumo da evolução do risco inserido na história humana, desde a pré-história até os dias atuais. O risco sempre esteve presente na vida humana, desde as ameaças naturais até os riscos criados pela própria sociedade. A gestão de riscos é uma prática que tem evoluído ao longo do tempo, desde a simples tentativa de evitar os riscos até a análise crítica de riscos e a tomada de decisões baseadas em critérios de risco.

Palavras-chave: risco, gestão de riscos, história, evolução, critérios de risco.

Introdução

O risco sempre esteve presente na vida humana, desde as ameaças naturais até os riscos criados pela própria sociedade. A gestão de riscos é uma prática que tem evoluído ao longo do tempo, desde a simples tentativa de evitar os riscos até a análise crítica de riscos e a tomada de decisões baseadas em critérios de risco. Este estudo tem como objetivo apresentar de forma resumida a evolução do risco na história da humanidade, desde a pré-história até os dias atuais.

A gestão de riscos tem sido uma parte essencial da vida humana desde os primórdios da civilização. Embora as práticas e abordagens tenham evoluído ao longo do tempo, a necessidade de lidar com os riscos inerentes às atividades humanas é uma constante.

Desde os primeiros assentamentos humanos, os indivíduos e comunidades precisavam tomar medidas para se proteger contra os perigos naturais, como desastres naturais, doenças, escassez de alimentos e conflitos. Essas ações incluíam o estabelecimento de locais de habitação seguros, a construção de sistemas de irrigação e armazenamento de alimentos, o desenvolvimento de práticas de caça e agricultura, entre outros.

Conforme as sociedades evoluíram, especialmente com o surgimento de comunidades mais complexas, como cidades e impérios, a gestão de riscos tornou-se mais sofisticada. Por exemplo, os impérios antigos desenvolveram estratégias para lidar com riscos militares, administrar recursos escassos e garantir a continuidade de suas atividades econômicas e sociais.

No campo do comércio e das atividades mercantis, a gestão de riscos desempenhou um papel fundamental ao longo da história. Caravanas comerciais antigas, por exemplo, enfrentavam riscos de assaltos, desastres naturais e incertezas no mercado. Para mitigar esses riscos, eram utilizadas medidas como escoltas de segurança, diversificação de rotas comerciais e contratos de seguro.

Ao longo do tempo, o desenvolvimento de disciplinas como a matemática, a economia e a engenharia contribuiu para a evolução dos métodos e ferramentas utilizados na gestão de riscos. Por exemplo, a teoria das probabilidades e a estatística forneceram bases para a quantificação e avaliação de riscos, enquanto a engenharia de segurança desenvolveu técnicas para a mitigação e prevenção de riscos em ambientes industriais e construções.

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Os riscos sempre estiveram presentes na vida humana.

Hoje em dia, a gestão de riscos é uma disciplina consolidada e é aplicada em diversos setores, como finanças, saúde, segurança ocupacional, projetos de engenharia, meio ambiente, tecnologia da informação, entre outros. As organizações utilizam abordagens sistemáticas e ferramentas específicas para identificar, analisar, avaliar, mitigar e monitorar os riscos, visando diminuir incertezas, garantir a continuidade dos negócios, a segurança das pessoas e a sustentabilidade das operações.

Em suma, a gestão de riscos sempre esteve presente na vida humana, desde os primórdios da civilização. A prática evoluiu ao longo do tempo à medida que as sociedades se tornaram mais complexas e surgiram novas disciplinas e tecnologias. A gestão de riscos continua sendo uma necessidade crucial para proteger pessoas, propriedades, reputação e operações em diferentes áreas da atividade humana.

I. Pré-história

Na pré-história, a gestão de riscos era mais rudimentar e baseada principalmente na tentativa de evitar os riscos. As comunidades primitivas buscavam se proteger contra perigos naturais e ameaças do ambiente através de estratégias de sobrevivência e adaptação.

As práticas de gestão de riscos na pré-história envolviam principalmente a busca por abrigos seguros, a seleção de locais de habitação afastados de áreas de risco, como regiões propensas a enchentes, vulcões ou predadores, e a busca por fontes confiáveis de alimento e água.

Além disso, a observação e o aprendizado empírico desempenharam um papel crucial na gestão de riscos na pré-história. As comunidades compartilhavam conhecimentos e experiências sobre os perigos do ambiente, permitindo que gerações sucessivas evitassem ou enfrentassem melhor os riscos identificados.

No que diz respeito aos riscos relacionados à caça e à coleta de alimentos, as comunidades pré-históricas desenvolveram técnicas para minimizar os riscos e maximizar as chances de sucesso. Isso incluía o desenvolvimento de ferramentas de caça, armadilhas e técnicas de rastreamento para reduzir a exposição ao perigo e aumentar as chances de obter alimento.

Na pré-história a gestão de riscos era baseada principalmente na tentativa de evitar os riscos

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Pré-história: riscos naturais, desastres, clima severo e animais selvagens

Embora seja difícil afirmar com certeza, pode-se argumentar que a transição do homem da vida nas árvores para o uso de cavernas como abrigos pode ter sido influenciada por uma estratégia de gerenciamento de riscos.

Viver nas árvores apresentava riscos, como a possibilidade de quedas, ataques de predadores e exposição a intempéries. Ao buscar abrigo em cavernas, os primeiros seres humanos podem ter percebido uma maior proteção contra esses perigos, já que o controle de acesso era mais eficiente.

As cavernas oferecem uma série de vantagens como abrigos naturais e controle de acesso mais eficiente. Elas fornecem proteção contra condições climáticas adversas, como chuva, vento e frio intenso. Além disso, podem oferecer uma barreira física contra predadores, facilitando a segurança dos primeiros seres humanos.

No entanto, é importante lembrar que a transição para as cavernas também pode ter sido influenciada por outros fatores, como a disponibilidade de recursos alimentares, a presença de outros grupos humanos ou até mesmo a curiosidade e a exploração do ambiente. É importante ressaltar que a especulação sobre eventos pré-históricos está sujeita a incertezas e a interpretações baseadas em evidências arqueológicas e antropológicas limitadas. A transição do homem para o uso de cavernas como abrigos pode ter sido influenciada por uma combinação de fatores, incluindo a gestão de riscos, mas também por outras necessidades e circunstâncias da época.

Conforme a humanidade progrediu, a gestão de riscos evoluiu gradualmente à medida que surgiam novas necessidades e desafios. O desenvolvimento da agricultura, por exemplo, permitiu uma maior estabilidade alimentar, mas também trouxe riscos associados ao cultivo, como secas, doenças das plantas ou pragas. Nesse contexto, as comunidades começaram a adotar estratégias de plantio diversificado, rotação de culturas e armazenamento de alimentos para mitigar esses riscos.

A transição do home da caverna para o homem do campo foi marcada por uma grande mudança na estratégia de gestão de riscos, vez que o campo trouxe mais alimentos e espaço para os grupos familiares prosperarem. Porém, também expôs esses grupos a uma série de novos riscos que não existiam nas cavernas.

À medida que a sociedade humana se tornou mais complexa, com o surgimento de assentamentos permanentes e o desenvolvimento de atividades comerciais, políticas e militares, a gestão de riscos se tornou mais sofisticada.

Em resumo, na pré-história, a gestão de riscos era baseada principalmente na tentativa de evitar os riscos através de práticas de adaptação, seleção de locais de habitação seguros e desenvolvimento de estratégias de caça e coleta de alimentos. A observação e o aprendizado empírico desempenharam um papel importante. Conforme a sociedade humana progrediu, a gestão de riscos se tornou mais sofisticada, com o surgimento de técnicas agrícolas, defesas militares e outras estratégias específicas para lidar com os riscos enfrentados pelas comunidades.

II. Idade Antiga

A transição do gerenciamento de riscos da pré-história para a Idade Antiga e, posteriormente, para a Idade Média, foi influenciada por uma série de fatores, incluindo o desenvolvimento das sociedades, o avanço das tecnologias e a complexidade das interações humanas.

Na Idade Antiga, os desafios para gerenciar riscos eram mais variados e abrangiam tanto riscos naturais quanto riscos criados pela própria sociedade. Alguns desses desafios incluíam:

  • Riscos naturais: Os desastres naturais, como terremotos, inundações, secas e tempestades, eram riscos comuns enfrentados pelas sociedades antigas. Gerenciar esses riscos envolvia estratégias de adaptação, como a construção de sistemas de irrigação para lidar com a escassez de água ou a escolha de locais de assentamento que minimizassem a exposição a riscos geológicos.
  • Riscos militares e conflitos: Com a formação de impérios e a expansão territorial, os riscos militares e os conflitos entre sociedades se tornaram um desafio significativo. As estratégias de gerenciamento de riscos nessa área incluíam a construção de fortificações, a organização de exércitos e alianças, bem como negociações diplomáticas para evitar ou mitigar conflitos.
  • Riscos relacionados ao comércio: O comércio desempenhou um papel importante nas sociedades antigas, mas também envolvia riscos, como ataques de piratas, roubo de cargas e incerteza nos negócios. Nesse contexto, surgiram práticas como escoltas de caravanas, seguros marítimos e contratos comerciais que estabeleciam responsabilidades e acordos para mitigar esses riscos.

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Na Grécia Antiga, o Oráculo de Delfos era uma importante instituição religiosa onde as pessoas consultavam a Pitonisa, uma sacerdotisa, para obter respostas divinas sobre uma variedade de questões, incluindo riscos futuros.

Os avanços no gerenciamento de riscos na Idade Antiga foram impulsionados por uma série de fatores, incluindo o desenvolvimento de tecnologias, o avanço das ciências, as práticas comerciais e as estruturas sociais e políticas. Alguns dos avanços notáveis foram:

  • Engenharia e arquitetura: O avanço da engenharia e da arquitetura permitiu o desenvolvimento de estruturas mais seguras e resilientes, como aquedutos, pontes, estradas pavimentadas e edifícios fortificados. Essas construções visavam minimizar os riscos associados a desastres naturais e conflitos.
  • Regulamentações e governança: Com o aumento da complexidade social e das atividades econômicas, surgiram regulamentações e práticas governamentais para gerenciar riscos. Por exemplo, leis e códigos foram estabelecidos para garantir a segurança das construções, regular o comércio e estabelecer responsabilidades em casos de danos ou disputas.
  • Avanços em navegação e exploração: Os avanços na navegação e na exploração permitiram a expansão do comércio, mas também introduziram novos riscos, como a exposição a doenças desconhecidas e os perigos da  navegação em alto-mar. Nesse contexto, foram desenvolvidas técnicas de navegação mais precisas, como o uso de bússolas e a cartografia, para reduzir esses riscos.
  • Organizações e instituições de segurança: Em algumas sociedades antigas, foram estabelecidas instituições dedicadas à segurança e à gestão de riscos. Por exemplo, os romanos criaram os "Vigiles", uma força policial e de bombeiros, para lidar com incêndios e manter a segurança nas cidades.

Esses são apenas alguns exemplos dos avanços e desafios no gerenciamento de riscos na Idade Antiga. A complexidade crescente das sociedades e das interações humanas impulsionou a evolução das estratégias e práticas de gerenciamento de riscos ao longo desse período.

 Na idade antiga, a tentativa de gerenciar riscos era frequentemente realizada por meio de práticas religiosas e supersticiosas como a consulta aos oráculos. As pessoas acreditavam que os deuses controlavam o destino e que os eventos naturais eram sinais de sua vontade. Além disso, as guerras e conflitos eram comuns, o que expunha as pessoas a riscos significativos de morte e ferimentos.

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Idade Antiga: riscos variados, incluindo riscos naturais e riscos criados pela sociedade.

Na Idade Antiga, práticas religiosas e supersticiosas desempenharam um papel significativo no gerenciamento de riscos. Muitas sociedades acreditavam que os deuses controlavam o destino e tinham influência sobre eventos e acontecimentos, incluindo riscos.

A consulta a oráculos e a interpretação de sinais divinos eram práticas comuns para obter orientação sobre questões importantes, incluindo riscos. As pessoas acreditavam que os deuses poderiam fornecer insights sobre os riscos iminentes e ajudar na tomada de decisões para evitá-los ou mitigá-los.

Por exemplo, na Grécia Antiga, o Oráculo de Delfos era uma importante instituição religiosa onde as pessoas consultavam a Pitonisa, uma sacerdotisa, para obter respostas divinas sobre uma variedade de questões, incluindo riscos futuros. Acredita-se que muitos líderes e indivíduos importantes buscaram orientação do oráculo antes de empreenderem ações arriscadas, como expedições militares ou empreendimentos comerciais.

Além disso, práticas de sacrifícios e oferendas eram realizadas para apaziguar os deuses e obter sua proteção contra riscos. Festivais religiosos eram celebrados para honrar divindades específicas associadas à proteção contra riscos naturais, como tempestades ou terremotos.

Essas práticas religiosas e supersticiosas desempenhavam um papel importante na percepção e gestão de riscos na Idade Antiga, fornecendo às pessoas uma sensação de controle e segurança diante de eventos incertos. Acreditava-se que ao cumprir rituais e receber orientação divina, era possível obter proteção contra riscos iminentes.

As pessoas acreditavam que os deuses poderiam fornecer insights sobre os riscos iminentes e ajudar na tomada de decisões para evitá-los ou mitigá-los.

No entanto, é importante ressaltar que essas práticas religiosas e supersticiosas não eram as únicas formas de gerenciamento de riscos na Idade Antiga. Também existiam abordagens mais práticas, como a construção de infraestruturas defensivas, técnicas agrícolas para lidar com a escassez de alimentos e a formação de alianças militares para garantir a segurança coletiva. As práticas religiosas e supersticiosas complementavam essas abordagens e refletiam a crença profunda na influência divina sobre a vida e os riscos.

III. Idade Média

A Idade Média viu a ascensão de instituições mais complexas, como o feudalismo, que era em si mesmo um sistema de gestão de riscos. Os senhores feudais forneciam proteção aos seus vassalos em troca de serviços e tributos, mitigando assim o risco de invasões e conflitos. Nesta era, também houve a introdução de algumas das primeiras formas de seguro, como a mutualidade entre os mercadores e marinheiros, uma forma de compartilhar e mitigar riscos associados às viagens marítimas.

Na Idade Média, os riscos enfrentados pela humanidade estavam de fato relacionados a várias áreas, como saúde, alimentação, segurança e conflitos armados. Alguns dos principais desafios e avanços no gerenciamento de riscos durante esse período incluem:

  • Riscos relacionados à saúde: As epidemias de doenças, como a peste bubônica (conhecida como Peste Negra), representaram uma grande ameaça à saúde durante a Idade Média. Para lidar com esses riscos, foram implementadas medidas de saúde pública, como quarentenas, isolamento de doentes e tentativas de controle de vetores. Além disso, práticas preventivas, como a purificação de água e o uso de ervas medicinais, foram adotadas.
  • Riscos alimentares: A disponibilidade e a segurança alimentar eram desafios constantes. Secas, inundações e pragas de insetos podiam afetar a produção agrícola, levando à escassez de alimentos. Para mitigar esses riscos, as comunidades desenvolveram estratégias como o armazenamento de alimentos, a diversificação de culturas e o estabelecimento de práticas de compartilhamento e apoio mútuo em tempos de crise.
  • Segurança e banditismo: A violência e o banditismo eram riscos presentes na Idade Média. Estradas inseguras, saques e ataques de grupos armados representavam ameaças às comunidades e ao comércio. Para lidar com esses riscos, foram estabelecidos sistemas de segurança, como o uso de escoltas para caravanas comerciais e a construção de castelos fortificados para proteção contra invasões.
  • Conflitos armados: A Idade Média foi marcada por conflitos armados, como guerras feudais, cruzadas e invasões. O gerenciamento de riscos nesse contexto envolvia a organização de defesas, o estabelecimento de acordos de paz e a diplomacia entre governantes. Além disso, práticas de negociação e mediação foram desenvolvidas para resolver disputas e evitar conflitos violentos.
  • Avanços na arquitetura e engenharia: Durante a Idade Média, houve avanços significativos na arquitetura e na engenharia, especialmente na construção de castelos e fortificações. Essas estruturas foram projetadas para resistir a ataques e fornecer proteção contra riscos militares. Além disso, avanços em técnicas de construção e urbanismo levaram ao desenvolvimento de cidades fortificadas e sistemas de defesa mais eficazes.
  • Organizações de apoio social: Surgiram organizações, como guildas e irmandades, que ofereciam apoio mútuo e proteção contra riscos específicos, como doenças, desastres naturais e dificuldades financeiras. Essas organizações ajudaram a compartilhar recursos, fornecer assistência mútua e estabelecer normas e regulamentos para lidar com os riscos enfrentados pelas comunidades.

Em resumo, durante a Idade Média, os riscos enfrentados estavam relacionados sobretudo à saúde, alimentação, segurança e conflitos armados. O gerenciamento de riscos evoluiu por meio de medidas de saúde pública, estratégias agrícolas, sistemas de segurança, avanços na arquitetura e engenharia, organizações de apoio social e práticas de negociação. No entanto, é importante notar que as condições variavam amplamente entre diferentes regiões e sociedades durante esse período histórico.

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Na idade média, a gestão de riscos era frequentemente realizada por meio de práticas de segurança física.

Na Idade Média, em comparação com a Idade Antiga, houve avanços significativos na gestão de riscos. Algumas das principais mudanças incluíram: 1. Organização e governança mais complexas, permitindo uma melhor coordenação e resposta aos riscos enfrentados; 2. Surgimento de instituições como guildas, irmandades e organizações de apoio social, fornecendo suporte mútuo e mitigando riscos específicos; 3. Avanços na arquitetura e engenharia, com a construção de castelos, muralhas e fortificações para resistir a ataques e proteger contra riscos militares; 4. Maior interação comercial, levando ao desenvolvimento de estratégias para mitigar riscos no comércio, como escoltas de caravanas e práticas de seguro marítimo; 5. Evolução das práticas de saúde pública, com medidas mais estruturadas para lidar com riscos à saúde, como epidemias de doenças e adoção de práticas de isolamento, quarentena e higiene.

Esses avanços comparativos refletiram uma maior complexidade social, governança, desenvolvimento institucional e conhecimento prático na gestão de riscos durante a Idade Média. As abordagens para lidar com riscos se tornaram mais sistemáticas e organizadas, integrando práticas religiosas e supersticiosas com estratégias pragmáticas e institucionais para enfrentar os desafios da época.

IV. Renascimento

O Renascimento foi um período de grandes avanços culturais, científicos e intelectuais. Esses desenvolvimentos tiveram profundo impacto na gestão de riscos. A partir do Renascimento passou a existir uma evolução significativa na compreensão e no gerenciamento de riscos, com a introdução de conceitos matemáticos e estatísticos, como probabilidade. Isso levou à criação de seguros mais sofisticados e ao desenvolvimento da gestão de riscos como disciplina.

Durante o Renascimento, começou a surgir um entendimento mais quantitativo do risco. Matemáticos e filósofos começaram a explorar o conceito de probabilidade, o que permitiu uma abordagem mais matemática e sistemática para a compreensão e gestão de riscos.

Por exemplo, Gerolamo Cardano, um polímata italiano do século XVI, foi um dos primeiros a estudar a Teoria da Probabilidade em seu livro "Liber de Ludo Aleae". Este trabalho, que focava na probabilidade relacionada aos jogos de azar, lançou as bases para a compreensão quantitativa do risco.

Ao mesmo tempo, o Renascimento viu o início do capitalismo moderno e do comércio internacional em grande escala. Este ambiente criou novos riscos financeiros e comerciais que precisavam ser gerenciados. Como resultado, durante este período, surgiram as primeiras companhias de seguros. Em 1666, após o Grande Incêndio de Londres, a primeira companhia de seguros, "Insurance Office", foi criada por Nicholas Barbon. Abaixo, uma das primeiras apólices de seguro residencial (Museu de Londres).

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Apólice de seguro residencial emitida pelo Sun Fire Office. Fonte: Acervo Digital do Museu de Londres. Clique na imagem para acessar.

Blaise Pascal (1623-1662) e Pierre de Fermat (1607-1665) são conhecidos por suas contribuições significativas para o campo da probabilidade, e sua colaboração foi crucial para o desenvolvimento dessa área.

No século XVII, durante o Renascimento, houve um interesse renovado pela matemática e uma abordagem mais sistemática ao estudo da incerteza e do acaso. Pascal e Fermat estavam entre os matemáticos e filósofos da época que se envolveram nesses estudos.

Pascal e Fermat trabalharam juntos no estabelecimento das bases teóricas da teoria da probabilidade. Em particular, eles abordaram o problema dos jogos de azar, buscando entender as chances de vitória em diferentes situações. Suas correspondências entre 1654 e 1656 estabeleceram as bases matemáticas da teoria da probabilidade.

Pascal desenvolveu o conceito de triângulo aritmético, que é usado para calcular as probabilidades em diferentes situações de jogo. Ele também introduziu o conceito de esperança matemática, que é a média ponderada das probabilidades em um jogo de azar.

Fermat, por sua vez, formulou o princípio do mínimo, que estabelece que um apostador racional deve minimizar suas perdas esperadas. Esse princípio é fundamental para a tomada de decisões em situações de incerteza e influenciou o desenvolvimento da teoria da probabilidade.

A influência do Renascimento sobre Pascal e Fermat foi significativa. Durante esse período, houve um aumento do interesse pela matemática e uma abordagem mais sistemática aos problemas de incerteza e acaso. O Renascimento trouxe uma nova mentalidade científica, incentivando o uso da razão, observação e experimentação na busca pelo conhecimento. Esses princípios influenciaram a abordagem de Pascal e Fermat no estudo da probabilidade, levando-os a desenvolverem métodos mais rigorosos e fundamentos teóricos sólidos.

Em resumo, a colaboração entre Pascal e Fermat no século XVII e sua relação com o contexto renascentista foram fundamentais para o estabelecimento da teoria da probabilidade. Eles contribuíram com conceitos e princípios que são amplamente utilizados até hoje no campo da probabilidade e estatística.

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Fermat e Pascal trabalharam juntos no estabelecimento das bases teóricas da teoria da probabilidade.

A gestão de riscos durante o Renascimento também foi influenciada pelo aumento do humanismo, um movimento que valorizava a razão humana e a experiência acima da tradição religiosa e do dogma. Isso levou a uma maior disposição para questionar e desafiar as crenças existentes, o que por sua vez permitiu novas abordagens para a gestão de riscos.

Em resumo, o Renascimento proporcionou um terreno fértil para a evolução da gestão de riscos. As ideias e práticas que surgiram durante este período formaram a base para muitos aspectos da gestão de riscos como a conhecemos hoje.

V. Idade Moderna

Na Idade Moderna, os riscos se tornaram mais complexos, incluindo riscos relacionados à tecnologia, como os acidentes industriais e os desastres nucleares. A gestão de riscos evoluiu para incluir a análise crítica de riscos e a tomada de decisões baseadas em critérios de risco. A gestão de riscos também se tornou mais formalizada, com a criação de normas e regulamentos para garantir a segurança das pessoas e do meio ambiente.

Na idade moderna, a gestão de riscos começou a se tornar mais formalizada e estruturada, com o fortalecimento das seguradoras e surgimento de mais instituições financeiras, que ajudaram a desenvolver os modelos de gestão de riscos iniciados no período das grandes navegações. Além disso, a Revolução Industrial trouxe consigo novos riscos, como acidentes de trabalho e poluição, que levaram a uma maior conscientização sobre a necessidade de gerenciar riscos de forma mais eficaz.

As grandes navegações, que ocorreram principalmente entre os séculos XV e XVI, tiveram um impacto significativo na gestão de riscos da época. Essas expedições marítimas, lideradas por exploradores europeus, como Cristóvão Colombo, Vasco da Gama e Fernão de Magalhães, envolviam viagens perigosas e incertas em busca de novas rotas comerciais, riquezas e conhecimento.

A gestão de riscos nas grandes navegações foi uma questão crucial para o sucesso das expedições. Os navegadores tiveram que enfrentar uma série de riscos e incertezas, como tempestades, naufrágios, doenças, falta de suprimentos, conflitos com povos nativos e a falta de conhecimento sobre as rotas marítimas. A gestão adequada desses riscos era fundamental para a sobrevivência da tripulação e o êxito da expedição.

Durante as grandes navegações, as seguradoras desempenharam um papel fundamental ao fornecer seguros marítimos para cobrir os riscos associados às viagens oceânicas. As seguradoras da época eram conhecidas como "casas de seguros" e ofereciam apólices para proteger os comerciantes e navegadores contra a perda de navios e cargas em caso de naufrágio, tempestades ou outras eventualidades.

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As grandes navegações tiveram um impacto significativo na gestão de riscos da época.

Os bancos, por sua vez, desempenharam um papel na gestão dos riscos financeiros associados às expedições. Eles forneciam financiamento para as viagens e investimentos em equipamentos, tripulação e suprimentos. Além disso, os bancos também facilitavam as transações comerciais relacionadas ao comércio internacional e à exploração de novas rotas.

A associação de riscos a eventos ruins e negativos no ocidente pode ter sido influenciada por vários fatores históricos, culturais e cognitivos. Embora não seja exclusivamente relacionado às grandes navegações, esse período histórico pode ter contribuído para a percepção negativa dos riscos no ocidente.

Durante as grandes navegações, as expedições marítimas enfrentavam diversos perigos e incertezas, como tempestades, naufrágios, doenças e conflitos com povos nativos. Esses eventos adversos foram amplamente documentados e, naturalmente, tiveram um impacto na percepção dos riscos associados às viagens marítimas.

Além disso, ao longo da história, muitos eventos negativos e desastres foram atribuídos a riscos não gerenciados ou subestimados. Essas experiências podem ter reforçado a associação dos riscos a eventos indesejáveis. Em contrapartida, os sucessos e benefícios decorrentes da tomada de riscos muitas vezes não são enfatizados ou valorizados da mesma forma.

Culturalmente, a tendência a enfatizar e temer os eventos negativos está presente em muitas sociedades ocidentais. Esse viés negativo é conhecido como "viés de negatividade" e pode levar a uma maior aversão ao risco e uma percepção ampliada dos possíveis resultados negativos.

Além disso, do ponto de vista cognitivo, os seres humanos tendem a ser mais sensíveis e reativos a eventos negativos. Isso é conhecido como "viés de negatividade cognitiva", no qual as pessoas dão mais importância e atenção aos resultados negativos do que aos positivos.

É importante destacar que a percepção dos riscos pode variar entre diferentes culturas e sociedades. Em algumas culturas orientais, por exemplo, a tomada de riscos é frequentemente associada a oportunidades de crescimento e sucesso.

Em resumo, a associação dos riscos a eventos ruins e negativos no ocidente pode ser influenciada por fatores históricos, culturais e cognitivos. Embora as grandes navegações possam ter desempenhado um papel na percepção negativa dos riscos, há uma interação complexa de influências que moldaram essa percepção ao longo do tempo.

VI. Influência de René Descartes na gestão de riscos

René Descartes (1596-1650), filósofo, cientista e matemático francês é considerado com Francis Bacon, um dos fundadores da Filosofia moderna.

O pensamento cartesiano de René Descartes, com sua ênfase na razão, na lógica e na análise sistemática, teve uma influência significativa no desenvolvimento de várias disciplinas, incluindo a gestão de riscos dos dias atuais. Embora Descartes não tenha abordado explicitamente a gestão de riscos em sua filosofia, os princípios fundamentais do pensamento cartesiano podem ser aplicados no campo da gestão de riscos.

A abordagem cartesiana enfatiza a importância da análise racional e da separação de problemas complexos em partes menores e mais gerenciáveis. Essa abordagem analítica pode ser aplicada na identificação, análise, avaliação e mitigação de riscos. Ao dividir os riscos em componentes individuais mais simples, é possível examinar e entender melhor cada elemento e suas interações, permitindo uma tomada de decisão mais informada.

Além disso, a busca de certeza e a redução da incerteza são preocupações centrais no pensamento cartesiano. Na gestão de riscos, busca-se minimizar a incerteza e maximizar a previsibilidade por meio de técnicas como análise de dados, modelagem estatística e simulações. Essas abordagens buscam fornecer informações e insights sobre os riscos potenciais e suas probabilidades associadas.

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Os princípios do pensamento cartesiano podem ser aplicados no campo da gestão de riscos.

O pensamento cartesiano também enfatiza a importância do raciocínio dedutivo, da análise lógica e da tomada de decisões baseada em evidências. Esses princípios são aplicáveis na gestão de riscos ao considerar a coleta e análise de dados relevantes, a avaliação de diferentes opções e estratégias de mitigação e a tomada de decisões informadas com base nas informações disponíveis.

Além disso, a ênfase de Descartes na clareza e distinção de ideias pode ser aplicada na comunicação e na compreensão dos riscos. A gestão de riscos envolve a comunicação eficaz dos riscos identificados e de suas implicações para as partes interessadas, facilitando uma compreensão clara e mútua sobre os riscos envolvidos.

Em resumo, embora o pensamento cartesiano não tenha sido diretamente aplicado à gestão de riscos, os princípios fundamentais, como análise sistemática, busca de certeza, raciocínio lógico e comunicação clara, têm influência e colaboração indiretas na abordagem contemporânea da gestão de riscos.

Para apoiar o desenvolvimento de projetos de gestão de riscos, a obra mais recomendada de René Descartes é "Discurso do Método", disponível para download no e-Disciplina da USP clicando aqui. Publicado em 1637, esse livro é uma das principais obras filosóficas de Descartes e estabelece as bases para o pensamento cartesiano. A obra aborda a necessidade de duvidar de preconceitos e crenças preconcebidas, enfatizando a importância de uma abordagem racional e crítica. Isso pode ser aplicado na gestão de riscos, incentivando uma avaliação objetiva dos riscos, questionando suposições e considerando diferentes perspectivas antes de tomar decisões.

Embora o "Discurso do Método" não seja um livro diretamente voltado para a gestão de riscos, ele fornece uma base filosófica sólida para o pensamento analítico e lógico, que são aspectos essenciais na gestão de riscos. É uma leitura recomendada para aqueles interessados em compreender os princípios subjacentes ao pensamento cartesiano e como eles podem ser aplicados em diferentes campos, incluindo a gestão de riscos.

VII. Influência do Iluminismo na gestão de riscos

O Iluminismo foi um período em que a razão foi defendida como o principal meio de entender e melhorar o mundo. Isso teve um impacto significativo na forma como a humanidade entendia e gerenciava os riscos.

A crença na razão e no conhecimento científico impulsionou um esforço para quantificar e analisar os riscos de forma sistemática. O progresso na matemática e nas ciências durante este período levou ao desenvolvimento de novas técnicas para avaliar a probabilidade e o impacto dos riscos. O uso da matemática para analisar o risco foi mais avançado por pensadores iluministas como Pierre-Simon Laplace e Thomas Bayes, cujas teorias estatísticas ainda são usadas na gestão moderna de riscos.

Durante o Iluminismo, houve também um avanço na economia política, que começou a considerar o risco em termos de mercados e sistemas econômicos. Adam Smith, em sua obra "A Riqueza das Nações", argumentou que os mercados livres poderiam efetivamente gerenciar o risco por meio do "equilíbrio invisível" da oferta e da demanda.

Houve também um reconhecimento crescente de que os riscos poderiam ser gerenciados através da cooperação social e institucional. Isso foi evidenciado pela expansão das companhias de seguros e pelo crescimento dos governos nacionais, que começaram a desempenhar um papel mais ativo na gestão de riscos, como na regulação econômica e na saúde pública.

Por exemplo, o Ato dos Pobres de 1601 na Inglaterra, foi uma tentativa controversa de gerenciar o risco social de pobreza e desemprego através de uma forma de "seguro" financiado pelos impostos. Outro exemplo é a criação do Banco da Inglaterra em 1694 para gerenciar o risco financeiro do Estado.

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O Iluminismo teve uma influência significativa sobre a forma como se gerencia riscos atualmente

Em resumo, o Iluminismo viu um avanço significativo na abordagem quantitativa e institucional da gestão de riscos. A ênfase na razão, ciência e cooperação social levou a novas estratégias e ferramentas para gerenciar o risco.

VIII. Revolução industrial

Durante a Revolução Industrial, a gestão de riscos, sobretudo relacionada a segurança do trabalho, era frequentemente negligenciada em favor da produção em massa e do lucro. As condições de trabalho eram frequentemente perigosas e insalubres, e os trabalhadores eram expostos a riscos significativos de acidentes e doenças ocupacionais. Além disso, a poluição e a degradação ambiental eram frequentemente ignoradas em nome do progresso industrial.

Aqui estão algumas maneiras pelas quais a Revolução Industrial contribuiu para o desenvolvimento da gestão de riscos:

  • Riscos de segurança ocupacional: A industrialização trouxe consigo o aumento da utilização de máquinas, processos industriais e ambientes de trabalho perigosos. Isso resultou em um aumento dos riscos de segurança ocupacional, como acidentes de trabalho, exposição a substâncias perigosas e condições de trabalho insalubres. A necessidade de proteger os trabalhadores e minimizar os riscos levou ao desenvolvimento de medidas de segurança, regulamentações trabalhistas e a criação de organizações voltadas para a segurança ocupacional.
  • Gestão de riscos em cadeias de suprimentos: A Revolução Industrial trouxe uma maior interconexão e complexidade nas cadeias de suprimentos, com fornecedores, transportadoras e distribuidores envolvidos em processos de produção e entrega. Isso aumentou a necessidade de gerenciar os riscos associados à cadeia de suprimentos, como interrupções de fornecimento, atrasos logísticos e problemas de qualidade. Medidas foram desenvolvidas para melhorar a gestão de riscos nas cadeias de suprimentos, incluindo práticas de planejamento, monitoramento e mitigação.
  • Gestão de riscos financeiros: A Revolução Industrial também deu origem a um ambiente econômico e financeiro mais complexo. Com o crescimento do comércio e da indústria, surgiram riscos financeiros associados a investimentos, crédito, flutuações de preços e volatilidade do mercado. A gestão de riscos financeiros se tornou uma preocupação essencial, levando ao desenvolvimento de ferramentas e técnicas para avaliar e mitigar riscos financeiros, como seguros, derivativos e estratégias de diversificação de investimentos.
  • Regulamentações e políticas de saúde e segurança: A crescente conscientização sobre os riscos associados à industrialização levou à introdução de regulamentações e políticas para garantir a saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores e comunidades afetadas. Leis de segurança ocupacional e regulamentações ambientais foram promulgadas para controlar e reduzir os riscos associados às operações industriais. Isso influenciou a gestão de riscos, exigindo que as organizações cumprissem padrões e diretrizes específicas para garantir a segurança e minimizar os impactos negativos.
  • Inovação tecnológica: A Revolução Industrial foi caracterizada por avanços tecnológicos significativos, como a introdução de máquinas a vapor, a eletrificação e o desenvolvimento de novos processos industriais. Essas inovações trouxeram riscos e desafios, mas também impulsionaram o desenvolvimento de novas tecnologias e abordagens para a gestão de riscos. Por exemplo, a introdução de sistemas de alarme, equipamentos de proteção individual (EPIs) e monitoramento de processos contribuiu para a mitigação de riscos industriais.
  • Em suma, a Revolução Industrial trouxe mudanças substanciais nas atividades industriais, cadeias de suprimentos, ambiente de trabalho e contexto financeiro. Essas mudanças aumentaram a conscientização sobre os riscos associados e impulsionaram o desenvolvimento da gestão de riscos, resultando em avanços nas áreas de segurança ocupacional, gestão de riscos em cadeias de suprimentos, gestão de riscos financeiros e regulamentações de saúde e segurança.

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    Gestão de riscos negligenciada em favor da produção em massa e do lucro.

    IX. Primeira e segunda grandes guerras mundiais

    As grandes guerras mundiais trouxeram contribuições significativas para a forma como fazemos o gerenciamento de riscos atualmente. Durante as guerras, foram desenvolvidas técnicas e metodologias para avaliar e gerenciar riscos em situações de alta incerteza e complexidade. Por exemplo, a análise de riscos foi amplamente utilizada para identificar e avaliar os riscos associados às operações militares, bem como para desenvolver estratégias de mitigação de riscos. Além disso, a gestão de riscos foi utilizada para avaliar e gerenciar os riscos associados à produção em massa de equipamentos e suprimentos militares (Gestão de Riscos de Projetos). Essas técnicas e metodologias foram posteriormente adaptadas e aplicadas em outras áreas, como a indústria, a saúde e a segurança pública.

    As Primeira e Segunda Guerras Mundiais tiveram um impacto significativo no desenvolvimento da gestão de riscos em várias áreas. Esses conflitos trouxeram consigo desafios complexos e riscos sem precedentes, que exigiram abordagens inovadoras para mitigação e controle. Aqui estão algumas maneiras pelas quais as guerras mundiais contribuíram para o desenvolvimento da gestão de riscos:

  • Avanços em tecnologia e engenharia: Durante as guerras mundiais, houve um rápido avanço tecnológico para apoiar os esforços militares. Isso incluiu desenvolvimentos em áreas como aviação, comunicações, criptografia, medicina, logística e produção em massa. Esses avanços tecnológicos e de engenharia tiveram implicações diretas no campo da gestão de riscos, uma vez que novas técnicas e ferramentas foram desenvolvidas para avaliar e mitigar os riscos associados a essas tecnologias.
  • Gestão de riscos em logística: As guerras mundiais exigiram a mobilização em larga escala de recursos humanos e materiais. A logística desempenhou um papel crucial no apoio às operações militares, garantindo o fornecimento contínuo de suprimentos, transporte de tropas e equipamentos, e a gestão eficiente de bases e linhas de abastecimento. Essa gestão complexa de riscos logísticos durante os conflitos contribuiu para o desenvolvimento de práticas e estratégias de gestão de riscos em logística em contextos civis pós-guerra.
  • Gestão de riscos de segurança e defesa: As guerras mundiais trouxeram uma nova compreensão dos riscos de segurança e defesa, exigindo a criação de estruturas e sistemas para identificar, analisar, avaliar e mitigar esses riscos. Isso incluiu o desenvolvimento de métodos de inteligência, criptografia e técnicas de guerra cibernética para gerenciar os riscos relacionados à segurança e à defesa.
  • Gestão de riscos ocupacionais: Os conflitos militares também levaram a uma maior conscientização sobre os riscos ocupacionais e a necessidade de proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores. As condições perigosas enfrentadas pelas tropas e os efeitos nocivos das armas químicas e biológicas destacaram a importância de políticas e práticas de segurança ocupacional. Isso contribuiu para o desenvolvimento de regulamentos e práticas de gestão de riscos ocupacionais tanto na esfera militar quanto na civil.
  • Gestão de riscos geopolíticos: As guerras mundiais transformaram a paisagem geopolítica global, levando à criação de organizações internacionais, como as Nações Unidas, para promover a cooperação e prevenir conflitos futuros. Essas organizações têm desempenhado um papel fundamental na gestão de riscos geopolíticos e na busca de soluções pacíficas para os desafios globais.
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    Técnicas e metodologias para avaliar e gerenciar riscos em situações de alta incerteza e complexidade

    Em suma, as Primeira e Segunda Guerras Mundiais catalisaram avanços significativos em várias áreas da gestão de riscos. Os desafios e riscos enfrentados durante esses conflitos impulsionaram a inovação tecnológica, a adoção de práticas de gestão de riscos em logística, segurança e defesa, saúde ocupacional e gestão de riscos geopolíticos. Essas lições e avanços continuaram a moldar a gestão de riscos nas décadas seguintes.

    X. Oriente x Ocidente

    Ao longo da história, houve diferenças significativas na forma como o gerenciamento de riscos foi realizado no Oriente e no Ocidente. No Oriente, a gestão de riscos muitas vezes foi influenciada por filosofias como o taoismo e o confucionismo, que enfatizam a importância da harmonia e do equilíbrio. Isso levou a uma abordagem mais holística e integrada para a gestão de riscos, com um foco na prevenção e na minimização dos riscos.

    Por outro lado, no Ocidente, a gestão de riscos muitas vezes foi influenciada pela filosofia grega, que enfatiza a razão e a lógica. Isso levou a uma abordagem mais analítica e baseada em evidências para a gestão de riscos, com um foco na identificação, análise e avaliação dos riscos.

    A diferença entre a gestão de riscos no Ocidente e no Oriente é um tema muito interessante. A maneira como os riscos são percebidos e gerenciados muitas vezes é moldada pela cultura, valores, histórico e sistema econômico de uma sociedade. Vamos dar uma olhada em algumas das diferenças e semelhanças entre o Ocidente e o Oriente.

    Semelhanças:

    • Uso de seguros: Tanto no Oriente quanto no Ocidente, a ideia de seguro foi adotada como uma forma importante de mitigação de riscos. No Ocidente, isso começou com seguros marítimos na Grécia antiga e Roma, enquanto no Oriente, exemplos semelhantes podem ser encontrados na China durante a Dinastia Song (960-1279).
    • Regras e leis para gestão de riscos: Em ambas as sociedades, foram implementadas regras e leis para gerenciar riscos. Por exemplo, o Código de Hammurabi na Mesopotâmia (Oriente) e a Lei das XII Tábuas na Roma antiga (Ocidente) continham provisões para mitigar riscos relacionados a transações comerciais.

    Diferenças

    • Abordagem à incerteza e ao risco: No Ocidente, principalmente a partir do Renascimento e do Iluminismo, houve uma tendência crescente em direção à quantificação do risco e ao uso de ferramentas estatísticas para gerenciamento de riscos. No Oriente, embora houvesse compreensão e aplicação de técnicas estatísticas (por exemplo, na China antiga), a abordagem tendia a ser mais qualitativa, centrada em estratégias de gerenciamento de riscos como diversificação e cautela.
    • Foco em harmonia e equilíbrio: No Oriente, especialmente na filosofia chinesa e budista, há um forte foco na harmonia e equilíbrio como uma forma de mitigar riscos. Isso é visto, por exemplo, na medicina tradicional chinesa, que se concentra na prevenção de doenças através do equilíbrio de elementos no corpo.
    • Papel do governo: Embora tanto o Oriente quanto o Ocidente tenham usado a lei para gerenciar riscos, o papel do governo como regulador tende a ser mais forte no Oriente. Por exemplo, na China antiga, o governo desempenhava um papel importante na regulamentação do comércio e na provisão de "seguro" contra riscos como fome.

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    Ao longo da história, houve diferenças significativas na forma como o gerenciamento de riscos foi realizado no Oriente e no Ocidente

    Lembrando que essas observações são generalizações e a realidade pode variar dependendo do período histórico e do local específico dentro do Ocidente ou Oriente que estamos considerando.

    Em resumo, embora haja diferenças culturais significativas na forma como o gerenciamento de riscos foi realizado no Oriente e no Ocidente ao longo da história, essas diferenças não são absolutas e estão se tornando cada vez menos importantes à medida que as culturas e as empresas se tornam mais interconectadas e globalizadas.

    XI. Religiões, crenças e a gestão de riscos

    Analisar a gestão de riscos através da lente da religião é fascinante, pois a fé e as crenças religiosas influenciam profundamente a percepção e a abordagem de riscos em diferentes culturas. Aqui estão algumas observações sobre como diferentes tradições religiosas podem influenciar a gestão de riscos.

    • O judaísmo enfatiza a importância da justiça e da responsabilidade pessoal, o que pode influenciar a forma como os riscos são avaliados e tratados. A ênfase na justiça pode levar a uma abordagem que considera não apenas os aspectos financeiros, mas também as implicações éticas e morais na gestão de riscos. O judaísmo coloca grande ênfase na lei (Torá), que inclui numerosas regras destinadas a mitigar os riscos, desde regras alimentares (kashrut) até regras para transações comerciais.
    • O islamismo enfatiza a importância da previsão e da precaução, o que pode levar a uma abordagem mais preventiva para a gestão de riscos. A ênfase na previsão pode incentivar a identificação antecipada de riscos e a tomada de medidas preventivas adequadas. O islamismo também enfatiza a lei (Sharia) para gerenciamento de riscos. Um exemplo particularmente relevante é a proibição da usura (riba), que molda práticas de gestão de riscos no banco islâmico. A crença na vontade de Deus (Inshallah) também pode influenciar a percepção e a gestão de riscos.
    • O budismo enfatiza a importância da compaixão e da não-violência, o que pode influenciar a forma como os riscos são avaliados e tratados, especialmente em relação aos impactos sociais e ambientais. A compaixão pode levar a uma abordagem que considera não apenas os aspectos financeiros, mas também o bem-estar dos seres vivos e do meio ambiente. O budismo enfatiza a impermanência e a interconectividade de todas as coisas, o que pode levar a uma abordagem de gestão de riscos focada na adaptação e na mudança. Meditação e mindfulness são práticas budistas que podem ser usadas para gerenciar riscos psicológicos e emocionais.
    • O catolicismo enfatiza a importância da caridade e do amor ao próximo, o que pode influenciar a forma como os riscos são avaliados e tratados. A caridade e o amor ao próximo podem levar a uma abordagem que busca proteger e ajudar os mais vulneráveis em situações de risco. Dentro do catolicismo, a gestão de riscos pode ser vista através da prática de confissão e penitência, que serve como uma forma de mitigar o risco espiritual de pecado. Também é importante notar a doutrina da Providência Divina, que pode influenciar a percepção de que os riscos estão sob o controle de Deus.
    • O espiritismo enfatiza a importância da caridade e da solidariedade, o que pode influenciar a forma como os riscos são avaliados e tratados em relação aos impactos sociais. A caridade e a solidariedade podem levar a uma abordagem que considera a inclusão de grupos vulneráveis e busca soluções que beneficiem o bem-estar coletivo. No espiritismo, a crença na reencarnação pode influenciar a gestão de riscos, com foco na evolução espiritual ao longo de várias vidas. Isso pode levar a uma visão de longo prazo na avaliação e gestão de riscos.
    • Hinduísmo: Semelhante ao espiritismo, o hinduísmo também acredita na reencarnação, o que pode levar a uma visão de longo prazo na gestão de riscos. Além disso, a prática do dharma (dever religioso e moral) pode influenciar a gestão de riscos, incentivando comportamentos e ações que minimizem o risco de má karma.
    • Ateísmo: No ateísmo, sem a crença em uma divindade ou vida após a morte, a gestão de riscos pode ser mais focada em resultados terrestres e imediatos. Isso pode levar a uma abordagem mais pragmática e talvez mais científica ou racional para a gestão de riscos.

    Essas diferentes religiões fornecem orientações éticas e morais que podem moldar a forma como os riscos são abordados e mitigados, levando em consideração não apenas os aspectos financeiros, mas também as implicações sociais, éticas e morais na tomada de decisões relacionadas aos riscos.

    No entanto, é importante notar que as religiões não são as únicas influências na forma como se gerencia riscos e que as abordagens de gestão de riscos podem variar amplamente dentro de uma religião, dependendo da interpretação e prática individual.

    XII. Atualidade

    Os primeiros modelos específicos de gestão de riscos começaram a ser desenvolvidos no século XX. Não há um consenso sobre uma única pessoa ou momento específico em que os primeiros modelos tenham sido criados, mas é possível identificar alguns marcos importantes nesse desenvolvimento.

    Uma das figuras proeminentes na evolução dos modelos de gestão de riscos foi o economista e matemático Harry Markowitz. Em 1952, Markowitz publicou seu trabalho "Portfolio Selection" (Seleção de Portfólio), pelo qual recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1990. Ele introduziu a Teoria Moderna de Portfólio, que envolve a alocação de ativos de forma a maximizar o retorno esperado para um determinado nível de risco. Essa teoria foi um dos primeiros modelos quantitativos a abordar a gestão de riscos financeiros.

    Outro matemático importante foi Andrei Kolmogorov (1903-1987). Ele foi um matemático russo que desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento dos estudos da teoria da probabilidade. Ele é amplamente considerado como um dos fundadores da teoria moderna da probabilidade.

    Em 1933, Kolmogorov publicou um trabalho seminal intitulado "Teoria Axiomática da Probabilidade", onde estabeleceu as bases para uma teoria rigorosa e sistemática da probabilidade. Nesse trabalho, ele apresentou um conjunto de axiomas matemáticos que forneciam uma estrutura formal para a teoria da probabilidade. Os axiomas de Kolmogorov são três princípios fundamentais que descrevem as propriedades básicas da probabilidade. Esses axiomas são:

  • Axioma da não-negatividade: A probabilidade de um evento é um número não-negativo. Para qualquer evento A, a probabilidade P(A) é maior ou igual a zero;
  • Axioma da aditividade: Se A e B são eventos mutuamente exclusivos (ou seja, não podem ocorrer simultaneamente), então a probabilidade da união desses eventos é igual à soma das probabilidades individuais. P(A ∪ B) = P(A) + P(B); e
  • Axioma da normalização: A probabilidade do espaço amostral completo (o conjunto de todos os resultados possíveis) é igual a um. P(S) = 1, onde S é o espaço amostral.
  • Esses axiomas estabelecem uma base matemática sólida para a teoria da probabilidade, permitindo a formulação de teoremas e a dedução de resultados probabilísticos de maneira rigorosa.

    A contribuição de Kolmogorov foi revolucionária, pois sua abordagem axiomática forneceu uma estrutura matemática rigorosa para o estudo da probabilidade. Isso permitiu a construção de uma teoria consistente e coesa, onde conceitos e resultados puderam ser formalizados e demonstrados de forma precisa.

    Além disso, Kolmogorov também contribuiu para a teoria da medida, estabelecendo conexões entre a teoria da probabilidade e a teoria da medida. Ele introduziu o conceito de espaço de probabilidade, que é um espaço matemático que incorpora os axiomas da probabilidade, e desenvolveu técnicas para estudar propriedades estatísticas e probabilísticas de sequências de eventos.

    Outro marco importante na evolução dos modelos de gestão de riscos foi a criação do Value at Risk (VaR) na década de 1990. O VaR é uma medida estatística que estima a perda máxima esperada de um portfólio de investimentos em um determinado nível de confiança ao longo de um horizonte de tempo específico. Essa medida se tornou amplamente adotada na gestão de riscos financeiros e é um dos principais modelos usados até hoje.

    Além disso, o avanço da tecnologia da informação e o desenvolvimento de poderosos computadores permitiram o surgimento de modelos mais sofisticados para a gestão de riscos. Isso inclui técnicas como simulações de Monte Carlo, análise de cenários, Teoria dos Jogos, modelagem de riscos operacionais, entre outros, que são aplicados em diferentes setores e áreas de gestão de riscos. Para conhecer mais técnicas, consultar a ISO 31010.

    É importante ressaltar que a gestão de riscos é uma disciplina em constante evolução, e novos modelos e abordagens continuam a ser desenvolvidos para lidar com os desafios atuais e emergentes. A complexidade dos riscos modernos e a necessidade de tomada de decisões informadas impulsionam a busca por modelos cada vez mais avançados e abrangentes.

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    A gestão de riscos é uma disciplina em constante evolução como as grandes cidades

    Atualmente, os riscos são ainda mais complexos, incluindo riscos relacionados à inteligência artificial, à segurança cibernética e às mudanças climáticas. A gestão de riscos continua a evoluir, com a utilização de tecnologias avançadas para a análise crítica de riscos e a tomada de decisões baseadas em critérios de risco. A gestão de riscos também se tornou mais globalizada, com a criação de normas e regulamentos internacionais para garantir a segurança das pessoas e do meio ambiente.

    Nos dias atuais, a gestão de riscos é mais sofisticada e abrangente, com muitas organizações adotando abordagens sistemáticas e baseadas em evidências para identificar, analisar, avaliar e tratar os riscos. A tecnologia também desempenha um papel importante na gestão de riscos, com muitas organizações usando ferramentas de análise de dados e inteligência artificial para avaliar e gerenciar riscos, como é o caso da Plataforma t-Risk.

    A gestão de riscos tem se tornado cada vez mais complexa e interconectada devido ao acelerado desenvolvimento tecnológico, globalização e mudanças climáticas. Vejamos alguns dos riscos mais urgentes à estabilidade e prosperidade globais. Vamos explorar esses riscos individualmente:

  • Crise do Custo de Vida: O custo de vida tem aumentado globalmente, exacerbado pela inflação, desigualdade de renda e escassez de recursos. Em resposta, muitos governos têm implementado políticas de mitigação de riscos, como subsídios, programas de assistência social e reformas fiscais. Por exemplo, em resposta à crise de acessibilidade de moradias na Nova Zelândia, o governo implementou uma série de reformas para restringir a especulação imobiliária e promover habitações mais acessíveis.
  • Desastres Naturais e Eventos Climáticos Extremos: À medida que a mudança climática acelera, desastres naturais e eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes e severos. Isso levou a uma maior ênfase na resiliência climática na gestão de riscos. Por exemplo, na Holanda, onde grande parte do país está abaixo do nível do mar, a gestão de riscos envolve extensas obras de infraestrutura, como diques e barragens, para proteger contra inundações.
  • Confrontos Geoeconômicos: A tensão geopolítica e o surgimento de um mundo multipolar têm aumentado o risco de conflitos comerciais e econômicos. Isso tem levado a uma maior ênfase na diplomacia econômica e na diversificação das relações comerciais. Por exemplo, durante a guerra comercial EUA-China, muitas empresas buscaram diversificar suas cadeias de suprimentos para mitigar o risco de desabastecimento e falta de matéria prima.
  • Falha em Mitigar as Mudanças Climáticas: A falta de progresso na mitigação das mudanças climáticas representa um risco existencial. Isso levou a um maior foco na transição para uma economia de baixo carbono. Empresas e governos estão investindo em energia renovável, tecnologias de captura de carbono e economia circular. A União Europeia, por exemplo, lançou o Pacto Verde Europeu, um conjunto de iniciativas políticas destinadas a tornar a Europa neutra em carbono até 2050.
  • Erosão da Coesão Social com Polarização da Sociedade: A polarização política e social está aumentando em muitas sociedades, exacerbada pelas mídias sociais e pela desinformação. Em resposta, tem havido uma maior ênfase na promoção da alfabetização midiática, no combate à desinformação e na promoção do diálogo civil. Por exemplo, o Canadá lançou uma Estratégia Nacional de Alfabetização Midiática para ajudar os cidadãos a discernir informações confiáveis. A UNESCO também possui iniciativa semelhante e lançou Livro em diversos idiomas intitulado Alfabetização midiática e informacional: diretrizes para a formulação de políticas e estratégias disponível para download.
  • A análise dos riscos atuais ilustra como a gestão de riscos evoluiu para abordar uma variedade de ameaças complexas e interconectadas. Isso também ressalta a necessidade de abordagens colaborativas e multidisciplinares para a gestão de riscos.

    Esses próximos temas a seguir demonstram a rapidez com que o ambiente de risco está evoluindo em resposta à aceleração do desenvolvimento tecnológico e à crescente complexidade do mundo moderno.

    • Ciber Ameaças: Na era digital, as ameaças cibernéticas representam um risco significativo para indivíduos, empresas e nações. Essas ameaças variam desde a invasão de dados pessoais até ataques disruptivos a infraestruturas críticas. Por exemplo, o ataque ao SolarWinds em 2020 demonstrou como invasores sofisticados podem comprometer redes de grandes corporações e instituições governamentais. A gestão de riscos cibernéticos, portanto, tem se tornado uma parte integral das estratégias de segurança, incluindo a implementação de medidas preventivas, como a criptografia de dados, e a preparação para a resposta a incidentes (resiliência).
    • Tecnologia e TI: A tecnologia desempenha um papel duplo na gestão de riscos. Embora possa apresentar novos riscos - como os riscos cibernéticos mencionados - ela também pode ser uma poderosa ferramenta para gerenciar riscos. Por exemplo, a inteligência artificial e o aprendizado de máquina estão sendo usados para prever e mitigar riscos, desde a identificação de fraudes financeiras até a previsão de desastres naturais.
    • Mundo VUCA: O conceito de VUCA foi introduzido pelo Exército dos EUA para descrever a volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade do mundo moderno. Gerenciar riscos em um ambiente VUCA requer agilidade, flexibilidade e resiliência. Por exemplo, em resposta à volatilidade do mercado de ações, muitos investidores adotaram estratégias de diversificação para mitigar riscos.
    • Mundo BANI: O conceito BANI, que significa Brittle (Frágil), Anxious (Ansioso), Nonlinear (Não linear) e Incomprehensible (Incompreensível), é uma evolução do VUCA que ressalta a fragilidade e a imprevisibilidade do mundo moderno. Gerenciar riscos em um ambiente BANI pode requerer uma maior aceitação da incerteza e uma abordagem mais adaptativa e sistêmica para a gestão de riscos. Por exemplo, em resposta à pandemia de COVID-19, muitas empresas tiveram que adotar abordagens não lineares, adaptando rapidamente seus modelos de negócios para sobreviver em um ambiente altamente incerto e volátil.

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    Munda VUCA x Mundo BANI

    Os desafios associados à gestão de riscos em um mundo cada vez mais VUCA e BANI reforçam a necessidade de inovação contínua, aprendizado e adaptação.

    XIII. Sobre a Gestão de Riscos

    A gestão de riscos é uma prática que tem evoluído ao longo do tempo, desde a simples tentativa de evitar os riscos até a análise crítica de riscos e a tomada de decisões baseadas em critérios de risco. A gestão de riscos é um processo sistemático que envolve a contextualização, identificação, análise, avaliação e tratamento de riscos. A gestão de riscos também inclui a comunicação e consulta com as partes interessadas e o monitoramento e análise crítica dos riscos.

    A gestão de riscos é uma prática importante para garantir a segurança das pessoas e do meio ambiente. A gestão de riscos também é importante para garantir a continuidade dos negócios e a sustentabilidade das organizações. A gestão de riscos é uma prática que deve ser integrada na governança e em todas as atividades da organização, incluindo a tomada de decisão.

    A seguir vejamos quais são os principais padrões (frameworks) para gestão de riscos existentes atualmente. ISO 31000, COSO, Três Linhas e PMBOK são todos padrões importantes para a gestão de riscos. Aqui está uma comparação das abordagens e filosofias que eles representam:

    ISO 31000: A norma internacional ISO 31000 foi desenvolvida para fornecer as melhores práticas na gestão de riscos. Ela aborda riscos de uma perspectiva ampla, incluindo estratégico, operacional, financeiro, TI, reputação, entre outros. A ISO 31000 enfatiza que a gestão de riscos deve ser parte integrante de todos os processos organizacionais, contínua, personalizada e inclusiva.

    COSO: O framework do Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO) foi projetado especificamente para gestão de riscos empresariais (ERM). Ele tem uma forte ênfase na governança e no controle interno. A abordagem COSO é focada em alinhar a estratégia de uma organização com seus objetivos de desempenho, ajudando a empresa a gerenciar seus riscos dentro de sua tolerância ao risco.

    Três Linhas: O modelo das Três Linhas, também conhecido como "Three Lines of Defense", é uma abordagem de gestão de riscos que divide as responsabilidades de gestão de riscos em três grupos: a gestão operacional, a função de risco e compliance e a auditoria interna (primeira, segunda e terceira linhas respectivamente). Este modelo é particularmente útil para organizações maiores, onde a separação de responsabilidades ajuda a garantir que os riscos sejam adequadamente gerenciados em diferentes níveis da organização.

    PMBOK: O Project Management Body of Knowledge (PMBOK) da Project Management Institute (PMI) é um conjunto de práticas padrão para a gestão de projetos. Ele inclui orientações detalhadas para a gestão de riscos do projeto, incluindo a identificação, análise e resposta aos riscos do projeto. Ao contrário dos outros frameworks, que são mais orientados para a gestão de riscos em uma escala organizacional, o PMBOK é especificamente focado na gestão de riscos no contexto de projetos individuais. O PMI possui estudos e livros especifico para gestão de riscos em projetos.

    Embora cada um desses frameworks tenha uma perspectiva única, todos eles compartilham a ideia central de que a gestão eficaz dos riscos é essencial para o sucesso organizacional. Eles também enfatizam a importância de integrar a gestão de riscos na estratégia e nas operações de uma organização, e de abordar os riscos de forma proativa, em vez de reativa.

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    Baixe o PDF desse estudo comparativo na íntegra clicando na imagem.

    Conclusão

    Em nossa jornada para compreender a evolução da gestão de riscos ao longo da história, abordamos uma variedade de temas relevantes, desde os princípios intuitivos aplicados nas primeiras sociedades humanas até as práticas contemporâneas complexas e sofisticadas que refletem a incerteza e a volatilidade do mundo atual.

    No início, a gestão de riscos estava enraizada na sobrevivência individual - proteção contra predadores, garantia de provisão de alimentos, entre outros. À medida que as sociedades evoluíram e se tornaram mais complexas durante a Idade Média e a Moderna, a gestão de riscos se deslocou para um nível institucional, com organizações, governos e igrejas desempenhando papéis significativos na gestão e mitigação de riscos. O Renascimento e o Iluminismo trouxeram conceitos e técnicas avançados, como a probabilidade e os seguros, oferecendo uma compreensão mais profunda dos riscos e como gerenciá-los.

    No entanto, a era moderna marcou um retorno ao foco no indivíduo, com o avanço da educação e do acesso à informação permitindo que as pessoas desempenhem um papel mais ativo na gestão de riscos. Os desafios complexos de nosso tempo, como a crise do custo de vida, desastres naturais, confrontos geoeconômicos, mudanças climáticas e polarização social, bem como ameaças cibernéticas e o mundo VUCA e BANI, requerem uma abordagem mais individualizada e personalizada para a gestão de riscos.

    Nesse contexto, discutimos frameworks de gestão de riscos, como ISO 31000, COSO, o modelo das Três Linhas e o PMBOK. Todos eles proporcionam uma estrutura útil para abordar riscos de uma perspectiva organizacional, mas também ressaltam a importância do papel do indivíduo na identificação e gerenciamento de riscos.

    Olhando para o futuro, é provável que a gestão de riscos se torne ainda mais personalizada, com o desenvolvimento de tecnologias como a inteligência artificial permitindo uma análise de risco mais precisa e adaptada ao indivíduo. Além disso, a crescente interconectividade do mundo significa que a gestão de riscos provavelmente terá que abordar ameaças cada vez mais globais e sistêmicas.

    Em última análise, a história da gestão de riscos demonstra que a adaptação e a resiliência são a chave para lidar com as incertezas que envolvem o futuro. À medida que avançamos para o futuro, essas qualidades serão ainda mais importantes, pois enfrentamos os desafios de um mundo cada vez mais complexo e interconectado.

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    Fontes complementares: