Há muito e muito tempo atrás, provavelmente no período das grandes navegações, os riscos começaram a ser analisados com base em probabilidade (frequência) e impacto (consequência ou severidade). Frequentemente são avaliados por meio de matrizes de riscos com pontuações que se somam ou multiplicam, sendo atribuídos a uma cor (normalmente verde, amarelo e vermelho). Embora isso torne a avaliação de risco rápida, simples e objetiva, na verdade é uma prática com baixo valor agregado, ultrapassada à luz da ISO 31000:2018 e pode até induzir a erros. Essa prática precisa ser substituída ou complementada por outras técnicas para que a compreensão dos riscos, na etapa da análise dos riscos, seja útil para balizar boas tomadas de decisão.
Essa prática precisa ser substituída ou complementada por outras técnicas para que a compreensão dos riscos, na etapa da análise dos riscos, seja útil para balizar boas tomadas de decisão.
Para trazer um pouco mais de embasamento teórico sobre o tema, além das mais de 2 décadas dedicadas à prática do gerenciamento de riscos, recomendamos a leitura do artigo What's wrong with risk matrices? publicado pela National Library of Medicine nos EUA.
As principais limitações e erros que o estudo apresenta sobre as matrizes de riscos, são:
Portando, da próxima vez que você encontrar um mapa de calor isolado, sem nenhuma outra técnica complementar, você deve fazer no mínimo as seguintes perguntas:
- Essa técnica possui fundamento em alguma norma de referência?
- Existe formas de validar ou complementar essas informações?
- Que informações úteis esse mapa de calor me fornece?
- Posso tomar decisões úteis e desenvolver projetos com base nessas informações?
- As cores trazem significados coerentes ou me induzem ao erro?
- Como os cálculos são desenvolvidos? Será que um risco com pontuação 48 é quatro vezes pior que um risco com pontuação 12?
- Como essa técnica conseguiu analisar um risco complexo usando apenas dois critérios (probabilidade e impacto)?
- Que outras técnicas para analisar os riscos poderiam ter sido utilizadas?
- Existem ferramentas que podem me ajudar a automatizar esse processo?
Caso seu time de gestão de riscos siga desenvolvendo análises que resultam em uma imagem semelhante a essa do exemplo, faça esses questionamentos para eles. Não fique surpreso caso não consigam responder firme e coerentemente!
Calma! A gestão de riscos, embora seja uma prática antiga na humanidade, está em desenvolvimento acelerado apenas nas últimas décadas. Existem muitas incertezas, os profissionais com prática são poucos, com formação muito menos, as técnicas começaram a ser difundidas nos últimos 30 anos e ainda existem poucos cursos dedicados ao tema.
A boa notícia é que existem técnicas que se complementam, ampliando a compreensão dos riscos, seguindo normas como a ISO 31000 e ISO 31010, possibilitando tomadas de decisão coerentes e assertivas! Entre em contato, será um prazer falarmos desse tema apaixonante!